a descoberta do zero deve ter impressionado tanto os romanos que até hoje nós, que herdamos grande parte de seu exotismo, convidamos amigos e abrimos garrafas de champagne quando encontramos, à caminho de algum casebre comemorativo, este que é a representação gráfica do nada. rituais. o jogador de futebol romário, por exemplo, enganou a todos e a si mesmo celebrando o que seria o milésimo gol de sua carreira. acreditem, pra encontrar o zero ele contabilizou até os gols que fez nas categorias de base do vasco da gama. se eu tivesse contado os gols que fiz em asfaltos, várzeas ou nos tempos de escola, já estararia chamando a imprensa pra uma entrevista coletiva.
a busca obsessiva pelo zero (ou pelo números redondos, como normalmente se diz, e que dele decorrem) também produz alucinações, delírios e convulsões coletivas. com exceção do romário e da adriane galisteu, quase todo mundo sabe contar até mil, e no entanto, no final do ano de 1999, todos estavam serelepes e saltitantes comemorando a virada do milênio. até o papa joão paulo zero, que falava latim perfeitamente mas andou faltando algumas aulas de história e matemática na polônia, esqueceu que o calendário criado pelos romanos, por razões óbvias, começava no ano I do século I .
em outra direção, mas com o mesmo tipo de balbúrdia, os brasileiros comemoraram num autêntico carnaval de asneiras os 500 anos do suposto descobrimento do brasil. os zeros, os amigos e as garrafas de champagne foram importantes; o extermínio brutal de milhões de índigenas, não. depois que os refletores foram desligados, os latrocidas desceram do palco e ninguém mais tocou no assunto. mas daqui há pouco, em nome do zero, alguém aparece com um nova campanha repleta de alegorias sádicas.
e aqui estou, sentado na frente do computador tentando publicar esta que é a centésima postagem deste blog. sem idéias, deprimido e fumando incessantemente desde que comecei a escrever tortuosamente estas linhas. talvez quando acender o centésimo cigarro deste ritual, e a minha gastrite vagarosamente começar a me lembrar que ainda estou vivo, me ocorra alguma idéia interessante para celebrar coisa nenhuma.
e aqui estou, sentado na frente do computador tentando publicar esta que é a centésima postagem deste blog. sem idéias, deprimido e fumando incessantemente desde que comecei a escrever tortuosamente estas linhas. talvez quando acender o centésimo cigarro deste ritual, e a minha gastrite vagarosamente começar a me lembrar que ainda estou vivo, me ocorra alguma idéia interessante para celebrar coisa nenhuma.
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