quarta-feira, 27 de junho de 2007

notícias sobre a minha morte

um pouco depois da divulgação via e-mail de “futebol, nazismo e identidade cultural”, em novembro ou dezembro do ano passado, o paysandu caiu sei lá pra que divisão. na seqüência, recebi o seguinte recado:

“A queda é uma questão filosófica visceral: conhecer um homem em seu apogeu e admirá-lo é tarefa fácil. Conhecer um homem em sua queda, ver suas reações, sentir a força marmórea de sua dignidade insuspeita, isto sim é conhecer alguém em sua profundidade.

O Paysandú caiu. Viva o Paysandú!”

A.N.


segue a minha resposta:

“se o seu texto é uma espécie de resposta a crônica de minha autoria, tomo de assalto groucho marx para esclarecer que só a escrevi porque recentemente cheguei a conclusão de que as notícias sobre a minha morte soavam um tanto exageradas. coisas de um velho junkie decadente. após ler o seu texto, vi-me subitamente sob nova onda de estímulos. mas farei de conta que não é a vaidade que norteia nossa indisfarçável ciranda de devaneios. e que minha crônica falava de futebol.

munidos desse requintado alfabeto de predicados e prerrogativas lapidaremos cada palavra desse debate com o desvelo do artesão que lapida a própria tumba. mais adiante, tomaremos nossas vísceras como testemunha, e, orgulhosos de nosso fervor religioso, cantaremos aos nossos totens preferidos uma febril canção de louvor. nada mais civilizado.

se não o for, pouco importa. poupar-me-ei do esforço de ter que digerí-lo. mas ligarei imediatamente a televisão para esperar ansiosamente os gols do fantástico. nunca se sabe. bernard shaw já nos chamou a atenção do grave inconveniente de não termos olhos na parte de trás da cabeça.”

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