domenico de masi é entre os sociólogos o meu autor favorito. pra mim, ele é sem dúvidas o mais original de todos os autores das ciências sociais - e, olha que sou discípulo de clifford geertz! aliás, os dois são bem parecidos no estilo de escrita. a sensação que eles nos passam é que não estamos lendo um livro, mas que estamos num boteco, entre uma taça de vinho e outra. o geertz, por exemplo, diz em um de seus livros: “o que o antropólogo está se perguntando o tempo inteiro é, afinal, que diabo eles pensam que estão fazendo?”. é como se bukowski tivesse repentinamente se tornado um antropólogo.
se domenico de masi é um pouco mais careta, o mesmo não pode ser dito sobre as suas idéias. tenho um artigo em que ele, fazendo uma metáfora sobre a sociedade ocidental, nos conta a história do de um herói grego que foi punido pelo excesso de engenhosidade. sua pena era transportar uma rocha até o topo de uma montanha. chegando lá, a rocha se precipitava até a base. e ele tinha que fazer de novo, e de novo, a tarefa por toda eternidade. um trabalho inútil. a diferença é que hoje, a sociedade industrial poderia construir um mecanismo eletrônico que fizesse a tarefa por ela. assim, poderia aproveitar todo o tempo livre.
e no final das contas, o que é a “velhice” ou “aposentadoria”, senão uma espécie de sepultura, e, por essa razão, o maior indício que a lógica toda do sistema tá errada? o grande problema é que além de não sabermos o que fazer com o tempo livre, nos sentimos orgulhosos quando dizemos que trabalhamos vinte horas por dia. é como se isso nos absolvesse de toda a responsabilidade pelo fato de uma horda de “vagabundos” estarem “compondo”, “pintando” ou “escrevendo”. e ao mesmo tempo, é como se tais atividades não podessem ser chamadas de trabalho. nós estamos tão impregnados deste tipo de orientação que outro dia o frejat estava contando que seu filho lhe perguntou se ele não trabalhava. esse tipo de coisa não surge por falta de maturidade de uma criança, mas por falta de maturidade do “pensamento do homem contemporâneo” - um estado de sociopatia agudo.
se domenico de masi é um pouco mais careta, o mesmo não pode ser dito sobre as suas idéias. tenho um artigo em que ele, fazendo uma metáfora sobre a sociedade ocidental, nos conta a história do de um herói grego que foi punido pelo excesso de engenhosidade. sua pena era transportar uma rocha até o topo de uma montanha. chegando lá, a rocha se precipitava até a base. e ele tinha que fazer de novo, e de novo, a tarefa por toda eternidade. um trabalho inútil. a diferença é que hoje, a sociedade industrial poderia construir um mecanismo eletrônico que fizesse a tarefa por ela. assim, poderia aproveitar todo o tempo livre.
e no final das contas, o que é a “velhice” ou “aposentadoria”, senão uma espécie de sepultura, e, por essa razão, o maior indício que a lógica toda do sistema tá errada? o grande problema é que além de não sabermos o que fazer com o tempo livre, nos sentimos orgulhosos quando dizemos que trabalhamos vinte horas por dia. é como se isso nos absolvesse de toda a responsabilidade pelo fato de uma horda de “vagabundos” estarem “compondo”, “pintando” ou “escrevendo”. e ao mesmo tempo, é como se tais atividades não podessem ser chamadas de trabalho. nós estamos tão impregnados deste tipo de orientação que outro dia o frejat estava contando que seu filho lhe perguntou se ele não trabalhava. esse tipo de coisa não surge por falta de maturidade de uma criança, mas por falta de maturidade do “pensamento do homem contemporâneo” - um estado de sociopatia agudo.
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