sexta-feira, 30 de novembro de 2007

o contrário

espero que o texto abaixo não provoque guerra entra nações vizinhas; nem que algum juíz, desprovido de senso-de-humor, me chame pra uma conversa em particular. ele é originalmente um scrap-resposta de lucy in the sky with diamonds. segue:

lucy: o contrário de brasileiro? boa pergunta. se formos pensar em termos de oponentes em guerras, como nazistas e judeus, penso que o contrário de brasileiro deva ser argentino, já que a única guerra em que o brasil se mete é futebol. mas podemos pensar em paraguaios, mas aí não é o contrário, é a involução da espécie.

homens

marlene: a merda é que vocês dominaram a gente por muitos séculos. isso foi péssimo pra todo mundo. se tivéssemos tido uma relação mais igualitária, hoje as mulheres aceitariam mais a liberdade sexual.

malcolm: pois é. não entendo como vocês ainda conseguem gostar de homens.

sorte do dia: você passará em uma prova de fogo que o tornará mais feliz

hussein: é claro que estou confiante. amanhã te convidarei pra tomar um tradicional chá árabe, e depois te contarei tranquilamente tudo sobre a minha prova de fogo. vou começar pela história da minha vida. mas não te preocupes, não me alongarei muito. vou cortar a parte de maomé, e outros trechos da idade média.
malcolm: o negócio é manter o otimismo mesmo, sadam. os americanos não são tão poderosos quanto parecem e esse julgamento não vai chegar a lugar nenhum. confie nas sábias palavras do teu oráculo virtual. aliás, o meu disse ontem alguma coisa sobre as minhas potenciais capacidades empresariais. depois do que eles te disseram sobre a tua prova de fogo, eu comecei a levá-los a sério. também estou otimista. vou abandonar o xadrez, a música e a antropologia, e abrir uma multinacional.

postagens

malcolm: sim, vou escrever a postagem. mas adianto que o grande salto na antropologia se deve ao perigo de sentimentos como "raiva", que parecem universais (provavelmente só amebas, carangueijos e monges não os sentem), se tornarem categorias vazias, porque se aplicadas em tudo quanto é canto perdem força teórica. se uma categoria téorica serve pra tudo, ela não serve pra nada em termos práticos, entende? todos as culturas tem instituições religiosas, políticas e econômicas. mas o que podemos dizer sobre os seres humanos a partir daí? que o papa joão bento XVI não responde aos meus e-mails porque não foi com a minha cara?

marlene: acho melhor esperar a postagem. ou então vou ter que parar de beber pra conversar contigo.

prazos

prazos? não, não, muito obrigado pela gentileza. eu acabei de jantar.

quinze minutos

marlene: olha, criatura! eu tenho que dormir! estou com sono!

malcolm: tá bom. já entendi. mas calma. tu estás repetindo isso há quinze minutos. ontem, eu passei quatro horas dizendo a mesma coisa.

(e a conversa se estendeu por outras quatro horas)

hipocondria

I
esse pessoal da administração do orkut parece que tá com hipocondria. quarta-feira passada deixaram minha conta do gmail fora do ar por 24 horas, segundo eles, para a minha própria segurança. cheguei a cogitar que finalmente meu talento estava sendo reconhecido - ou, ao contrário, que teria entrado acidentalmente numa rede internacional de prostituição. agora ficam colocando essas plaquinhas com alertas de segurança estúpidos: "nunca cole um URL ou script no seu navegador enquanto estiver conectado ao orkut, não importa o que ele lhe peça para fazer". ele quem? o orkut? ele fala?
eu me conheço. se eles continuarem assim, vou encher a minha página de URL's e scripts. e eu nem sei o que são URLs ou scripts.
II
e eles continuam: "não divulgue seu nome de usuário, sua senha e informações pessoais". sensacional! era justamente o que eu estava pensando em fazer. ainda bem que fui lembrado a tempo que isso não era uma atitude muito inteligente.

julho de 2007

ilusionistas

david coperfield e david blaine podem falar o que quiserem, mas jesus cristo era muito mais talentoso do que eles. o espetáculo da multiplicação dos pães era sensacional. e o que dizer do número da transformação da água em vodka?

orações

em resposta as tuas questões.

dor na garganta: não.
tosse: sim.
tosse seca: às vezes.
na migdala: isso eu não sei. porque eu não sei o que migdala.
na faringe: não.
nariz entupido: sim.
dor no corpo: sim
febre: talvez. eu não tenho termômetro, mas estou sentido muito frio. aliás, todo mundo aqui costuma sentir muito frio no inverno, e me parece que nem todos estão com febre.

aguardo livro de orações ou um padre, urgentemente.

scrap à marlene dietrich.
s/d

destino

eu estava brincando. eu também não acredito em destino. nem um ateu acreditaria numa bobagens dessas. o grande problema é que o povo tem esse velho cacoete de dizer "que foi o destino" sempre que alguém morre atropelado, ou coisas do tipo. eu também sei prever o futuro depois que ele aconteceu.
scrap à marlene dietrich.
s/d

família

de certa forma, o problema do casamento tradicional é que junto com os filhos, o pacote completo inclui prestações atrasadas, crises de insônia e uma mulher neurótica que depois de qualquer incidente vai ficar te lembrando que ela é a mãe dos teu filhos - como se isso ferisse algum artigo da declaração universal dos direitos humanos.

a fábula da hora final

segue alguns fragmentos, com pequenas alterações minhas, de um texto do poeta beatnik dan propper. o texto original foi publicado em 1958.

no 1º minuto da hora final, o arcebispo da rede globo de televisão decretou que moisés e maomé seriam considerados cristãos, enquanto buda seria riscado dos arquivos, em vista de suas tendências comunistas;

no 6º minuto da hora final, dois vândalos roubaram um helicóptero e substituíram a tocha da estátua da liberdade por um letreiro com dizeres obscenos. ao ser interrogada sobre a veracidade da acusação, a estátua sorriu maliciosamente e balançou a cabeça de maneira afirmativa;

no 8º minuto da hora final, as forças armadas desenterraram o corpo do soldado desconhecido e descobriram, para surpresa geral, tratar-se de adolf hitler;

no 11º minuto da hora final, uma delegação de viciados em drogas ofereceu-se voluntariamente para experiências médicas, com a condição de que novas drogas e o vírus do câncer fossem injetados em seus olhos;

no 14º minuto da hora final, quatorze milionários foram atraídos para um clube aparentemente inofensivo, onde foram esquartejados, aparecendo seis minutos mais tarde em quarenta e dois caixotes de comida pra cachorro;

no 25º minuto da hora final, um incêndio criminoso alastrou-se em uma plantação de maconha na floresta amazônica pondo completamente em transe o grupo de bombeiros voluntários que se arriscou na tarefa: diante disso, rumaram diretamente para belém, onde entraram empurrando o carro de bombeiros no meio de risadas, manifestando um tipo de alegria nunca visto antes;

no 28º minuto da hora final, descobriu-se que um remédio popular continha heroína. dezessete mil pessoas foram esmagadas e trezentas farmácias foram destruídas em conseqüência do pânico provocado por essa noticia;

no 32º minuto da hora final, dezesseis discos desconhecidos do tom zé foram desenterrados de uma adega em salvador. felizmente foram apreendidos pela polícia antes que pudessem espalhar a desordem e a incerteza;

no 41º minuto da hora final, todos os penicos foram encontrados de cabeça para baixo e a população ficou envergonhada;

no 47º minuto da hora final, a prostituição tornou-se completamente desnecessária;

no 48º minuto da hora final, todas as placas de estrada foram substituídas por outras com dizeres “siga em frente”;

no 52º minuto da hora final, uma das bombas de hidrogênio jogadas na amazônia derramou no ar chuva de papéis impressos onde se lia: “buuum”;

no 53º minuto da hora final, aldo paz apareceu na capa da revista caras com o pato donald e o silvio santos;

no 57º minuto da hora final, o uso da caixa registradora foi abolido;

no 58º minuto da hora final, os funcionários de escritório do mundo inteiro retiraram-se de circulação por motivo de doença;

no 59º minuto da hora final, todas as portas foram arrancadas de seus lugares e amontoadas em uma ruidosa fogueira, e somente as dobradiças foram poupadas para servirem de muda recordação a uma história triste e assustadora.

a salvação

como forma de neutralizar o problema do tabagismo no brasil sugiro a divisão do país em duas partes. na ocidental, ficariam os fumantes; na oriental, os não-fumantes. como parte do processo, deslocaríamos a parte oriental até a áfrica (segundo os geólogos, elas se encaixam), de maneira que um oceano separe amigavelmente uns dos outros. no continente africano, infelizmente, não tem comida, água, muito menos, cigarros. dessa forma, os não-fumantes estariam todos salvos.

woodstock corporation

a cena eu não vi. um capitalista fanático ultra-conservador dormindo abraçado ao último sobrevivente de woodstock deve ter sido não a cena mais dantesca do útimos tempos, mas de toda a história da humanidade! se a gente tivesse fotografado, o pessoal ia dizer que foi montagem! acho que nem o senhor poderia explicar tão inusitado evento. será o inverno, o álcool, o amor? talvez não. acho que os dois estavam com medo de mim.
scrap ao padre quevedo.
s/d

o anti-existencialismo

malcolm: como assim? às vezes tu ficas com preguiça de ser agressiva?

lucy: às vezes tenho prequiça de existir, quanto mais de ser agressiva! sério! de sábado pra domingo eu dormi 14 horas. sair da cama pra mim é um suplício!

máscaras

nancy: eu te ligo à tarde e então combinamos. mas me diz uma coisa, essa tua gripe passa? quero dizer, pega? porque passar, espero que passe mesmo. porque daí vou testar uma máscara que comprei num brechó em nova york, parecida com aquela usada pelo michael jackson (é assim que se escreve?). as pessoas dizem que fico linda quando uso a máscara. desconfio que não é um elogio.
malcolm: não é gripe não; é tuberculose. mas o george bush me garantiu que não passa. de todo modo, com a máscara do michael jackson tu sobreviverias até a chernobyl (é assim que se escreve?) ou a bomba de hiroshima (é assim que se escreve?). além disso, acho que é elogio mesmo. punks costumam gostar desse tipo de adereço. aposto que o syd já deve ter providenciado uma pra ele. será que encontro uma parecida no brasil? acho que vou precisar de uma quando for a são paulo.

síndrome das pernas inquietas

eu não sofro de praticidade, mas segundo a organização mundial de saúde a ausência deste distúrbio pode provocar a doença mental conhecida como “síndrome das pernas inquietas”. só o nome da enfermidade já deixaria escritores como edgar alan poe cheios de imaginações literárias. como medida preventiva, na próxima segunda-feira estarei providenciando paletó e gravata pra entrar numa academia de ambicionismo.

regras

malcolm: ok. entendi. mas então o que pode e o que não pode?

marlene: atum com batata pode. não pode é batata com macaxeira. nem atum com picanha. e jiló não pode nem sozinho.

reencarnação

a do bruxo africano, confesso, era blefe. mas como já te falei, no século XVIII, eu me chamava françois-andré danican philidor. também sei que fui alguém que morreu no começo dos anos 70. difícil saber quem era, porque quase todo mundo morreu neste período. também tenho vagas mas divertidas lembranças da época em que eu era um metazoário.

scrap à marlene dietrich.
s/d

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

humoristas

devo confessar que quando romário lutava desesperadamente para alcançar o que ele alegava ser o milésimo gol de sua carreira, fiquei torcendo pras coisas darem errado. não por inveja ou amor ao paysandu, mas porque seria divertido ver o constrangimento de um astro do futebol mundial sentado no banco dos réus de programas esportivos sofrendo gozações do tipo “e ai, romário? e o milésimo?”. embora não soubesse, ele não corria o risco de parar numa cadeira elétrica, mas o século XXI ia dar uma gargalhada tão volumosa, que, por toda eternidade, contar anedotas torna-se-ia uma tarefa desnecessária, e os humoristas do mundo inteiro perderiam seus empregos.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

a máxima

sempre fui acusado de ser um cara desligado. quando criei a máxima “diga-me com quem andas que eu te direi quem és”, não imaginei que a frase ia ter tanta repercussão; nem mesmo que fizesse algum sentido. pra mim, se tratava de um aforismo pseudo-antropológico sem graça. mas outro dia, em plena segunda-feira, estávamos nos despedindo de grace slick, quando, depois de beijos e abraços, ela ainda nos acenou de longe dizendo: “bom final-de-semana pra vocês!”.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

rituais

a descoberta do zero deve ter impressionado tanto os romanos que até hoje nós, que herdamos grande parte de seu exotismo, convidamos amigos e abrimos garrafas de champagne quando encontramos, à caminho de algum casebre comemorativo, este que é a representação gráfica do nada. rituais. o jogador de futebol romário, por exemplo, enganou a todos e a si mesmo celebrando o que seria o milésimo gol de sua carreira. acreditem, pra encontrar o zero ele contabilizou até os gols que fez nas categorias de base do vasco da gama. se eu tivesse contado os gols que fiz em asfaltos, várzeas ou nos tempos de escola, já estararia chamando a imprensa pra uma entrevista coletiva.
a busca obsessiva pelo zero (ou pelo números redondos, como normalmente se diz, e que dele decorrem) também produz alucinações, delírios e convulsões coletivas. com exceção do romário e da adriane galisteu, quase todo mundo sabe contar até mil, e no entanto, no final do ano de 1999, todos estavam serelepes e saltitantes comemorando a virada do milênio. até o papa joão paulo zero, que falava latim perfeitamente mas andou faltando algumas aulas de história e matemática na polônia, esqueceu que o calendário criado pelos romanos, por razões óbvias, começava no ano I do século I .
em outra direção, mas com o mesmo tipo de balbúrdia, os brasileiros comemoraram num autêntico carnaval de asneiras os 500 anos do suposto descobrimento do brasil. os zeros, os amigos e as garrafas de champagne foram importantes; o extermínio brutal de milhões de índigenas, não. depois que os refletores foram desligados, os latrocidas desceram do palco e ninguém mais tocou no assunto. mas daqui há pouco, em nome do zero, alguém aparece com um nova campanha repleta de alegorias sádicas.

e aqui estou, sentado na frente do computador tentando publicar esta que é a centésima postagem deste blog. sem idéias, deprimido e fumando incessantemente desde que comecei a escrever tortuosamente estas linhas. talvez quando acender o centésimo cigarro deste ritual, e a minha gastrite vagarosamente começar a me lembrar que ainda estou vivo, me ocorra alguma idéia interessante para celebrar coisa nenhuma.

sábado, 24 de novembro de 2007

good night

uma enfumaçada tarde no meu apartamento. diálogo entre lili barbon e o violinista érick klein:

lili (chorando) : nossa, não aguento mais a minha mãe! ela fica o tempo todo reclamando que eu passo o dia inteiro dormindo! que saco!
érick (indignado) : e ela, que passa a noite inteira dormindo?!

sábado, 10 de novembro de 2007

disneylândia

malcolm: a imprensa é a disneylândia da cultura nacional. diário catarinense: “funerária leva calote até de gente morta”. fiquei me perguntando o que antônio carlos magalhães deve estar aprontando por ai.
vidal: espera até o paulo maluf morrer. aí, sim, é que vai ser o inferno.

revolucionários

nos anos 80, os replicantes trouxeram ao cenário nacional a máxima "resolver os problemas do mundo é coisa de vagabundo". estou de pleno acordo. um pouco mais de malvados pra traduzir isso pros revolucionários de plantão:


elefantes

folha de são paulo: "elefantes se embriagam, derrubam poste e morrem eletrocutados". mais uma tragédia na história do rock'roll.