terça-feira, 4 de março de 2008

psiquiatras

após quase um ano, finalmente meu psiquiatra conseguiu me convencer de que eu estava errado. os efeitos colaterais do medicamento que eu tomava, como distúrbios de memória, relaxamento muscular, visão turva, entre outros, não estavam me divertindo tanto como antes. como todo bom paciente, segui suas orientações, recebi a receita, e, finalmente, comprei o medicamento conhecido no mundo do crime organizado como mirtazapina.
o plano elaborado por ele consistia em me tornar uma pessoa feliz em fantásticas duas semanas - plano, aliás, inventado por ele mesmo; eu apenas queria tomar algo mais divertido. além disso, sei lá o que uma "pessoa feliz" deve sentir. isso me deixou um pouco temoroso, mas segui adiante, com a esperança de que "ser uma pessoa feliz" poderia ser algo divertido. nunca se sabe.
duas semanas depois, lá estava eu com sonolência, depressão, pensamentos suicidas, movimento anormal dos olhos, dores musculares, depressão respiratória, dor de cabeça, fala mal articulada, tremor, vertigem, perda do equilíbrio, coordenação anormal e letargia. talvez ele tenha esquecido que o ansiolítico que eu tomava interagia negativamente com a mirtazapina. talvez ele tenha me confundido com outro paciente. talvez, como todo bom psiquiatra, ele não entenda nada de psiquiatria. ou talvez uma pessoa feliz seja assim mesmo.
já marquei consulta com outro profissional. provavelmente ele vai me recomendar outro "sei lá o que" com novas promessas "disso e daquilo", e, no final, eu pagarei a conta satisfatoriamente. espero que os efeitos colaterais do medicamento recomendado provoquem, ao menos, reações imprevisíveis como alucinações, delírios ou convulsões. e que a bula contenha advertências do tipo "este medicamento não deve em hipótese alguma ser consumido com álcool". assim vou poder dar continuidade ao tratamento e voltar a consumir meu gin com tônica em paz.

21 comentários:

Paulo César Nascimento disse...

Malcolm, sobre o que deve sentir uma pessoa feliz, recomendo a leitura de "Como me tornei estúpido", de Martin Page. Boa sorte (ou má sorte, dependendo do ponto de vista)!

Malcolm Robinson disse...

valeu a indicação de leitura. se o tratamento der errado, eu procuro o martim page pra uma conversa. num boteco.

Anônimo disse...

Meu conselho é: tome muita cafeína. Ela vai tirar os efeitos ruins e adicionar outros piores :)

Thaís disse...

o nome é fluoxetina: não recomendo. estou tomando há dois meses e chamo de 'pílula do bom dia'. ando rindo a toa, do que não tem graça...enfim, pareço uma abobada, mas me divirto.

Anônimo disse...

Olha, a Thaís também está aqui!

Malcolm Robinson disse...

salve, vidal! bem, se tu quiseres o telefone da thaís, pode deixar que eu te envio.

Malcolm Robinson disse...

ah, já ia esquecendo. a cafeína já tá dentro do esquema. a rivotrix torna-se um ambiente morfético sem ela.

Malcolm Robinson disse...

pois é, thaís. também não me satisfaz a idéia de andar por ai com um sorriso no canto dos lábios.

Anônimo disse...

Hahahaha! Pô, Malcolm, tu me arranjas mesmo o telefone da Thaís? Quero convidá-la pra sair, mas não tenho coragem :)
Ah, e a Globo vai passar o fime favorito do teu intelectual favorito, o Vitor Belfort. O filme chama-se Luta pela Esperança e fala da vida do Cinderella Man. Boa diversão.
Abraços!

Malcolm Robinson disse...

e olha que eu ia postar um comentário perguntando, afinal, quem era o tal do cinderella man.

bem, "luta pela esperança" certamente vai entrar na lista dos meus filmes favoritos. ele me lembra aqueles nomes de filme da Xuxa, tipo: "Xuxa contra Cinderella Man: Uma Luta pela Esperana". Valeu, pelo toque!

mais: acho difícil tu conseguires alguma coisa com a thaís. lembrei-me (que regrinha gramatical escrota!) que ela já tem namorado. e ele é bem grande.

Paulo César Nascimento disse...

Desculpem a intromissão, não conheço nenhum dos envolvidos, mas se o Vidal fosse o Belfort ou o Cinderella Man, o problema com o tamanho do namorado da Thais estaria resolvido. Se bem que o Belfort, depois que começou a ocupar os dois neurônios com a escrita, só apanhou... Por outro lado, difícil seria alguma mulher inteligente querer conversar com um deles. Estão vendo como a vida é cheia de paradoxos, mesmo em comentários bobos sobre a vida de desconhecidos?

Anônimo disse...

Paulo, fica tranqüilo que eu dou conta do namorado da Thaís. Ele é grande, mas não é dois!
Malcolm, deu-me vontade de perguntar: por que tu achas a regra da ênclise escrota? Afinal, é o charme da língua portuguesa.

Thaís disse...

quaquaraquaquá...
malcom, diga pro vidal que meu namorado não é ciumento!

Malcolm Robinson disse...

paulo,

certamente, o "homem cinderella" e o antrópologo "vitor feiticeira belfort" não fazem o tipo da thaís. boa observação: ainda é possível encontrar vida inteligente no reino de vênus.

mas mesmo que a coisa fosse pros ringues eu ainda apostava dois por um no vidal.

Malcolm Robinson disse...

grande vidal!

bem, eu acho a regra da ênclise muito metida. já tentei falar com ela duas ou três vezes, mas ela sempre termina a conversa desligando o telefone na minha cara.

acho que ela é sequer uma regra gramatical, mas um título de nobreza.

Malcolm Robinson disse...

thaís, thaís, eu conheço muito bem teu namorado. comporte-se! essa é uma sala de família!

Anônimo disse...

vidal, queixar-me-ia sobre o teu comentário com relação à ênclise, porém percebi que é uma questão de gosto, quiçá de estilo. mas na minha opinião, no quesito charme, nada se compara à mesóclise!

Thaís disse...

concordo com lygia maria! só pra variar...

Thaís disse...

concordo com lygia maria! só pra variar...

Anônimo disse...

Que sensação de déjà-vu!

Malcolm Robinson disse...

Que sensação de déjà-vu!