terça-feira, 11 de março de 2008

a reforma

publicado na folha de são paulo: "portugal aprova plano de reforma ortográfica". isso significa que em poucos anos, juntamente com os portugueses, todas as ex-colônias lusitanas deverão escrever suas asneiras cotidianas regidas sob os mesmos mandamentos ortográficos. entre as modificações propostas estão a inutilização de acentos em palavras como pára, pólo, feiúra, assembléia, jibóia, heróica, idéia, crêem, enjôo e vôo. o hífen e o trema vão para o tronco: não serão eliminados, mas tenho certeza que não gostarão muito da experiência. quando essa panacéia literária começar, eu alçarei um longo voo e pousarei numa colônia agrícola boliviana para exportar material de alta qualidade para a europa e os estados unidos. não quero estar aqui, quando todo mundo começar a rir da nossa cara.
o ministro das relações exteriores do brasil, celso amorim, ficou eufórico. ele não apenas apóia todo malabarismo que nos será exigido para que o pacotão lingüístico dê certo, como acredita que isso dará novo impulso a economia nacional. eu não entendo nada de economia, mas tinha a ilusão que crescimento econômico estava associado a fenômenos como diminuição do nível de desemprego, controle de inflação, e, pra mostrar meu nível de incompetência, nem consigo me lembrar de um terceiro exemplo (bem, talvez possamos pensar ai em reforma intelectual).
aparentemente as modificações propostas são tão inócuas que se realmente implantadas teremos todos que voltar à alfabetização, não para aprender a escrever corretamente, mas para que nossas professoras possam puxar nossas orelhas e nos fazer lembrar que há alguns anos cerca de 15 militares armados com metralhadoras, revólveres e fuzis prenderam uma mulher numa praia carioca, porque ela estava fazendo topless. alegação: atentado ao pudor. todo problema do rio de janeiro residia num par de seios.

se o lula soubesse ler, eu lhe enviaria uma proposta muito mais prática, barata e objetiva: elimine simplesmente o uso da crase.

12 comentários:

Anônimo disse...

Pelo que eu me lembro, essa reforma resultou de um tratado entre os países lusófonos. E, como a maioria dos tratados, só precisava de um número mínimo de ratificações para entrar me vigor, o que acabou acontecendo no fim de 2006. Ou seja, se eu não estiver enganado, a reforma já era para ter sido aplicada nas escolas desde o ano passado.
Pô, acabar com a crase? E como fica a minha tara lingüística?

Malcolm Robinson disse...

segundo a folha do último dia 7 de março de 2008, o plano de reforma foi aprovado em 1991, por apenas três países, incluindo ai o brasil. teoricanmente, ele está em vigor. o problema para sua real implantação residia na não-adesão portuguesa ao tratado. europeus. as ex-colônias estavam esperando uma espécie de aval dos "donos do idioma" para dar início a implantação da reforma. é mais ou menos por ai. agora, pergunto: pra que tanto trabalho?

meu problema com a crase é particular. eu sempre tenho a impressão de que ela existe apenas para me humilhar.

Anônimo disse...

depois dessa reforma, os brasileiros, os angolanos, os timor-lestianos(?!) também vão poder ser vítimas de piadas de portugueses.

(ah! mr. robinson, "impulso a economia". esse "a" leva crase. mas também, o que poderia se esperar de um escocês!)

Malcolm Robinson disse...

escocês coisa nenhuma. eu sou filho do caribe!

ps. sobre a crase, eu já falei acima. ela sempre tá tirando uma com a minha cara.

Anônimo disse...

Eu acho que o esquecimento do acento grave foi proposital, logo Sir Robinson foi coerente com sua propaganda contra a crase :)
E também acho que já está na hora de criarmos nossa própria língua, o brasileiro (que podia ser derivado do tupi, sei lá). Assim, não teríamos que ficar fazendo acordo de reforma ortográfica com Portugal a cada 30 anos.
O mais legal é que o português seria ensinado como língua estrangeira. Aí, quem sabe, as pessoas passariam a se interessar pelo idioma de Camões e aprenderiam todas as regras direitinho. Tipo psicologia reversa.

Thaís disse...

vidal para vereador!

Anônimo disse...

ainda bem que portugal descobriu o brasil, senão hoje todo mundo falaria tupi, uma língua que ninguém entende.

Paulo César Nascimento disse...

Vidal, não brinca com esse tipo de coisa, que pode rolar um plebiscito, ganha o miguchês como idioma oficial e o Armaggedon será inevitável. Pior ainda, o ArMagGedOn, GeNtIi! (Argh!)
E nas aulas de português, você terá que ler em voz alta: Para o meu putinho levar uma pica, entrei no rabo da bicha (para o meu menininho levar uma injeção, entrei no fim da fila).

Anônimo disse...

Paulo, quanto ao miguchês, não tem problema. Malcolm Robinson, famoso antropólogo e profundo conhecedor do idioma, irá nos ensinar como apreciar essa nova língua que está bombando no Brasil inteiro.

Malcolm Robinson disse...

pra resolver o dilema idiomático, acho que a gente pode tentar o tupi em miguchês. vamos fazer uma proposta pro celso amorim.

aliás, pensando mehor, poderíamos ir um pouco mais adiante e decretar a independência da ilha de santa catarina!

e... thaís, VIDAL PARA PRESIDENTE!

Jef Candido disse...

pra cair a crase não basta uma reforma, tem que ter uma revolução. fora crase e o fmi!

Malcolm Robinson disse...

de acordo!