“já era noite alta quando francisco pizarro decidiu executar atahualpa. depois de ser conduzido ao lugar da execução, atahualpa implorou pela sua vida. valverde, o padre que havia presidido o processo propôs que, se atahualpa se convertesse ao cristianismo, reduziria a sentença condenatória. atahualpa concordou em ser batizado e, em vez de ser queimado na fogueira, foi morto por estrangulamento no dia 29 de agosto de 1553.”
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
o batismo
“já era noite alta quando francisco pizarro decidiu executar atahualpa. depois de ser conduzido ao lugar da execução, atahualpa implorou pela sua vida. valverde, o padre que havia presidido o processo propôs que, se atahualpa se convertesse ao cristianismo, reduziria a sentença condenatória. atahualpa concordou em ser batizado e, em vez de ser queimado na fogueira, foi morto por estrangulamento no dia 29 de agosto de 1553.”
judeus
marlene: mas também jesus vacilou. foi ingênuo. como todo filhinho de papai.
Marcadores: diálogos
longevidade
Marcadores: surtos
31 de agosto
Marcadores: diário de campo
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
noções de etiqueta
malcolm: olha, marlene, não é mais pra você deixar mensagens pra mim no orkut. suas mensagens são amaldiçoadas e você não tem noções de etiqueta.
mário quintana
alguém tem um cigarro ai?
os fóruns “já te queimaram com cigarro?”, “meu tio fuma muito”, “fumante devia comer a bituca!!!”, e similares, continuam lá. firmememente. não é o clube da luluzinha, mas parece.
felizmente, antes da expulsão, ainda deu tempo de eu receber e copiar o comentário de um desses fanáticos para preparar uma resposta. aqui está o comentário de marcelo (provavelmente o autor da denúncia que resultou na minha expulsão):
“Pois é, o próprio sujeito que defende o fumo reconhece que fumar é um vício idiota. E ainda esquece de mencionar que o fumante além de arruinar o próprio corpo, arruina também o dos outros com esse vício idiota. Então já está mais no que na hora de se acabar de uma vez por todas com esse vício nocivo, babaca e idiota. Fumantes, vão fumar na PQP e parem de encher o saco dos outros com essa porra.”
marcelo pqp faz alusões ao texto de millôr fernandes, citado na postagem já mencionada. li, copiei, escrevi a resposta no word, mandei pro fórum e quando cliquei no botão "enviar", percebi que alguma coisa tinha dado errado. voltei pra página principal da seita, e ai pude constatar o óbvio: eles não gostaram de mim. já tinha sido expulso de salas de aula, de bares, de apartamentos, mas de uma seita foi a primeira vez. confesso que estou até meio emocionado.
“caro, marcelo.
nós reconhecemos que o hábito de fumar é um vício idiota. não há dúvidas. mas o texto do millôr é tão dificil de entender assim? ninguém está defendendo o fumo, mas o fumante - e o direito, assegurado por lei, que ele tem de fumar. este país também é meu, e segundo as regras constitucionalmente estabelecidas, eu ainda tenho esse direito.
dou-lhes uma idéia: mudem as leis deste país, como fizeram os americanos na década de 30, em relação ao consumo de álcool. aquele bang-bang foi genial. ou façam como os brasileiros, que com o mesmo tipo de ato, fundaram a maior multinacional do mundo: o narcotráfico (pelo menos, neste ramo da economia, ninguém pode duvidar de nossa competência).
pra terminar, eu não fumo ao lado de não-fumantes; eu não ando com não-fumantes; eu não ando, sequer, com boas companhias. e só não vou fumar na pqp, porque tenho um blog pra fumar em paz. não vou, portanto, de acordo com as tuas próprias palavras, arruinar o seu corpo. se bem que isso seria uma brincadeira divertida.
saudações de um fumante ortodoxo.”
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
o problema
paixões
pra começo de conversa, eu não acredito em nada do que a psicologia me diz. me bastam as histororietas do meu psiquiatra. prefiro até as teses da sociobiologia. estas, ao menos, são divertidas.
II
os acréscimos - cor, volume, timbre - não estão na balança. senão, não seria uma paixão platônica.
III
eu não me considero "quase não-patológico", eu me considero "monarquicamente-patológico". então, talvez esteja fora do grupo a qual tu te referes.
IV
ao contrário dos "quase não-patológicos" e dos "patológicos", eu acredito que um relacionamento que durou mais de vinte minutos já deu certo. não entendo quando vocês ficam se perguntando umas as outras, depois de cinco anos de namoro ou casamento, porque o relacionamento "não deu certo".
V
a questão não é realidade ou fantasia, mas as incontroláveis pulsões da alma.
reacionários
não estou sendo irônico. juro. ele tem direito de acreditar no quiser, não? ele é uma cara legal pra estar contigo numa mesa de bar. não é um asno reacionário. é um gênio reacionário. eu adoraria ter gente como hitler e mussolini na minha mesa.
VII
o problema do freud é que ele ia passar a noite inteira indo e vindo do banheiro, e nas suas voltas, fungando, ia ficar calado aficionado pelo hitler. mas este, tenho certeza, nem ele conseguiria explicar.
o movimento das peças
outro dia, um dos meus alunos me perguntou por que o cavalo não andava em “C”. eu lhe respondi: "pelo mesmo motivo da torre não se mover em T".
a borboleta
a adriane galisteu sabe exatamente de quantos dólares de ambição a gente precisa pra construir um bom casamento. muito embora, ela prefira um defunto famoso do que um bom casamento - por amor a profissão. é uma mulher de sorte.
IX
não acho que só as mulheres participem desse jogo. mas eu estou fora. me deixaria mais animado ter participado do ataque às torres gêmeas. aliás, já me arrisquei bastante nessa vida. minha mãe que o diga. ela sabe, eu também tive sorte. não exatamente o mesmo tipo de sorte da borboleta galisteu. eu não vendo defuntos. eu os coleciono.
será que posso fumar no meu blog em paz?
igor luis manriques, fundador da seita orkutiana “vá fumar na pqp”, com mais 216 mil seguidores, me surge na tela do computador com o seguinte discurso:
o texto termina assim mesmo, e dá pra perceber que o rapaz escreve bem. mas como eu não gosto de chutar defunto, vou deixar que millôr fernandes gentilmente o faça por mim:
"enorme percentual de fumantes dispostos a continuar fumando, apesar de ameaças de câncer, enfizemas e outras quizílias. o fumo é realmente um vício idiota. mas os fumantes que persistem em fumar têm um vício ainda mais idiota - a liberdade. provando que nem só de pão, e de saúde, vive o ser humano. além do fumo ele aspira também gastar a vida como bem entende. arruinando determinadamente seu corpo - um ato de loucura - o fumante ultrapassa a pura e simples animalidade da sobreviência sem graça.”
campari
Marcadores: diário de campo
domingo, 26 de agosto de 2007
só uma ressalva
eu pensei que estava claro que eu estava me referindo a década de 40 do século XX e não a dos séculos XV e XVI. no mais, concordo plenamente - e não disse o contrário - que as justificativas para o extermínio de índios e judeus são muito diferentes. não preciso ver filme de ninguém pra entender que seres humanos são facilmente impressionáveis - e que os espanhóis só não filmaram aquela carnificina toda no peru porque francisco pizarro tinha esquecido sua câmera digital em madrid.
conchas
um pouco mais tarde, lucy in the sky with diamonds me disse:
“mas eu também dava as minhas viajadas quando criança. acho que foi de tanto ouvir conchas que eu pensei em ser astronauta. mas quando me disseram que tinha que saber matemática eu desisti. também quis ser empregada doméstica. eu via a empregada lá de casa cortando a carne e achava aquilo tão macio e tão legal que disse pra mamãe que quando eu crescesse queria ser empregada doméstica. nem preciso dizer que a dona lourdes não gostou nada nada dessa história. aí ela me falou nesse negócio de estudar, de fazer pós e mestrado e que a vida é dura e que sem estudo não se é ninguém nessa vida. cai na dela direitinho!”
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
a experiência
Marcadores: diário de campo
sil^^encio
carmem: Ei ceis dois voc^^es acham que o sil^^encio é a resposta que devemos dar aos loucos? é sério! please! Beijos!
lygia maria: ela tá perguntando pra mim tb? é isso? olha, se for... eu acho que o silêncio é a resposta que se deve dar aos burros. com os loucos é bom trocar umas idéias.
malcolm: faço minhas as palavras da lygia. mais alguma pergunta?
carmem:
malcolm: nenhuma pergunta? então, eu tenho uma: "voc^^es" e "sil^^encio" são formas de neo-miguchês?
carmem:
lygia maria: e agora?! burro ou louco?
carmem:
terça-feira, 21 de agosto de 2007
eu era bonito
pra não ficar nenhum mal entendido aqui, vou tentar ser o mais didático possível. queridas crianças, leitoras de blogs: lavem suas mãos antes de comer, respeitem os mais velhos, não falem com estranhos, não tomem refrigerantes, ajudem pobres velhinhas e cegos a atravessarem ruas, não discutam com seus pais, respeitem seus professores, não brinquem com fogo, façam regularmente seus deveres-de-casa, e, principalmente, não roubem taxistas. sobre consumo de drogas eu podia dar uma porção de conselhos, mas deixarei que a ex-mulher do mick jagger fale alguma coisa a respeito: “eu não falo sobre drogas com meus filhos, eu só peço a eles que olhem o keith richards.”
Marcadores: crônicas
domingo, 19 de agosto de 2007
mãe natureza
gorilas de orelha amarela
biologia
eu desprezo completamente a biologia na questão do amor. em relação a minha gastrite ela tem razão.
scrap à marlene dietrich
s/d
moradores problemáticos
um pouco mais de l. m. bergman:
I
II
III
como forma de minimizar o incômodo, vou sugerir que coloquem a gente nos três últimos andares do prédio. ou então que eles mudem todo mundo logo pro salão de festas.
tratados
O BURCACO DA FECHADURA
“eu no meu quarto. eram duas horas da manhã e eu não conseguia dormir por causa dos carapanãs. eu estava irritado porque eu havia detetizado o quarto um dia antes e eles continuavam ali. então comecei a pensar como seria bom se os carapanãs fossem inteligentes. porque se fossem inteligentes pensariam: “ontem ele dedetizou o quarto e pode detetizar hoje de novo. vamos fugir!”. mas depois pensei que assim estariam sendo burros, porque se fossem espertos de verdade pensariam: “ele de detetizou o quarto e pode querer detetizar hoje de novo, mas caso ele se levante pegar o DDT no armário, nós fugimos!”. mas depois pensei que na verdade estariam sendo burros porque com o quarto fechado não teriam como fugir. mas depois pensei que estariam sendo inteligentes já que saberiam que poderiam fugir pelo buraco da fechadura.”
SE EU SOUBESSE QUE
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
plantadores de tomate
provérbio espanhol
eu também acho o veríssimo genial. algumas pessoas da chamada alta literatura acreditam que ele produz uma literatura menor, justamente porque elas usam a arte não tanto pelo exercício de fruição a que ela de fato se destina, mas pelo prazer de usá-la como um instrumento sádico de delimitação de fronteiras culturais. é preciso deixar claro pra todos que eles nasceram em paris e não em teresina. ou, indo direto ao assunto, como é algo que se tornou popular, não pode ser bom.
pierre bourdieu, num texto que se não estou enganado chama-se “o processo de autonomização da obra de arte”, explica isso de uma forma bastante clara. quando a burguesia assumiu o controle das forças produtivas no século XIX, precisava de um conjunto de artefatos que a diferenciasse das classes populares - de onde, inclusive, ela se originou. os burgueses não eram aristocratas, mas gente do povo, pequenos comerciantes que com o tempo se tornaram bem sucedidos economicamente. sob essas circunstâncias criou-se o ambiente adequado para constituição do processo de profissionalização e independência dos artistas, pois estes, tendo que atender a uma demanda absurda de pinturas, esculturas e desenhos, pelos burgueses, passaram a viver exclusivamente da arte que produziam – e não de um emprego no funcionalismo público, por exemplo. aqui se consolida finalmente as condições ideais para a autonomia da arte - e, por extensão, a criação das muralhas culturais que separariam o povo do próprio povo.
se pensarmos bem, até hoje é assim, e, por exemplo, se um arquiteto ou um artista plástico quer ser bem sucedido, ele tem que participar do circuito da “high society” com suas máscaras de sorrisos, exatamente como as balaclavas protegiam os soldados ingleses do frio na guerra da criméia. mas mesmo algumas pessoas da chamada “contracultura” ou da “roda intelectual-artístico-boêmia” (pra usar um palavrão do gilberto velho), fazem a mesma coisa. é incrível como eles têm horror a consumir o mesmo tipo de bem que uma pessoa mais simples (apenas no sentido burguês da palavra) consome. quer dizer, passam o tempo inteiro falando aquela besteirada sobre a burguesia, e no final das contas, fazem a mesma coisa que os burgueses. eles têm horror não a obra em si, mas ao fato dela está sendo consumida pelo povão. com machado de assis: "a onça mata o novilho porque o raciocínio da onça é que ela deve viver, e se o novilho é tenro tanto melhor: eis o estatuto universal".
o contraponto desse estado de coisas é que em nome da virtude e dos bons costumes a gente tem que passar o dia inteiro ouvindo todo tipo de lixo musical, enquanto estamos ocupados na cozinha de um restaurante fino lavando as louças, os talheres e as panelas da democracia. enquanto isso, o preço da cesta básica não para de aumentar porque os plantadores de tomate continuam fugindo pra são paulo com um violão em baixo do braço.
adaptação de e-mail resposta à marlene dietrich.
s/d
Marcadores: panfletos
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
segunda-feira
eu tentei explicar pro pessoal da chevrolet coporation como eles podiam ganhar dinheiro com o meu blog, mas eles me mandaram voltar na próxima segunda-feira.
os pulsos já estão cortados
eu tenho a página que me indicaste entre os favoritos. aliás, outro dia um amigo meu veio aqui, e me mostrou um site. mas achei muito leve. depois da foto daquela passageira sem cabeça (e elegantemente sentada como se nada tivesse acontecido), nada me deixa tão impressionado.
(...)
é que aquela foto tá bonita. só faltou um cigarro acesso no meio do pescoço (ele não tinha mais boca, né? quer dizer, tinha, mas a cabeça estava em outro lugar).
(...)
boa pergunta. em primeiro lugar, eu não queria morrer ainda. de forma nenhuma. agora se tivesse que escolher, escolheria uma morte rápida e sem dor. como qualquer homem. só isso. vocês mulheres são mais vaidosas, talvez não iam querer estar expostas por ai com o corpo pro lado e a cabeça pro outro. talvez preferissem uma morte lenta e dolorosa a perder a pose. depois de morto, façam o quiserem comigo.
(...)
é ... acho uma boa idéia. pelo menos, pulsos cortados e veias expostas não borram a maquiagem de ninguém.
scraps à björk guðmundsdóttir.
s/d
Marcadores: surtos
crianças remelentas
Marcadores: microcrônicas
fernando pessoa
eu tenho um amigo que diz que a antropologia, e tudo que vem do centro de filosofia e humanas da ufsc, não serve pra nada. relendo um fragmento de meu diário de campo, confesso que fiquei inclinado a acreditar nisso. segue o texto:
remistas
"estava eu de ressaca, passando mal, jogada no sofá vendo tv, quando é exibida a entrega da medalha de ouro para a equipe de ginástica rítmica no pan. e o que aparece atrás das meninas, enorme, gigante, pra todo mundo ver? uma puta bandeira com o escudo do remo! caráleo! vcs são muito presepeiros, mesmo, né?!
tive que tomar outro engov pra me recompor!"
comunidade científica
monges
Marcadores: surtos
terceira consciência
expansão da consciência, unificação dos pensamentos e viagens mentais, misturados a ácido, cogumelos e maconha, nos aproximaria de jesus, buda e mao-tsé-tung. e também poderia nos fazer voar como um abutre pelos desertos mexicanos, como carlos castaneda nos alega ter feito. de acordo com o índio don juan, o chefe de castaneda, “homens de conhecimento” não escrevem teses, mas saem por ai voando, encontrando-se com cachorros transparentes e luminescente ou dialogando com mosquitos de cem patas. para esses feiticeiros, “a razão é uma invenção do complexo militar industrial”.
Marcadores: crônicas
greta garbo
greta: estranho ter que recorrer a um antropólogo para constatar que a geração de seres humanos (in utero) é diferente da geração de fezes (pelo estômago).
malcolm: quando estou confuso sempre recorro a alguém da antropologia pra me divertir um pouco. é pra eles que eu faço as minhas orações diárias. em relação às fezes e aos seres humanos, eu admiti, desde o início, que se tratava de uma pequena confusão minha. eu sempre pensei que se tratavam de seres da mesma espécie. e até que eles não têm um futuro muito diferente.
greta: mas o que causa mais questionamentos, é qual seria o equívoco do tal mischa titiev, dado a sua descrição tão seca e óbvia.
malcolm: a descrição de mischa titiev não é nem tão seca, e nem tão óbvia. ele diz, por exemplo, que em relação a vida dos primeiros hominídeos que “pode-se supor que as suas vidas estavam ajustadas para fazer face, em exclusivo, às necessidades do mundo biológico”. aproveitando-me de uma curiosa expressão cunhada pelo próprio titiev, ninguém que esteja vivo pode afirmar que os primeiros homínideos eram seres desprovidos de cultura. como logo veremos, a cultura é anterior ao homem. pergunte isso a um morto.
greta: pelo visto, atrizes de cinema da década de 30 têm algo a mais a dizer sobre a espécie humana, ou vai ver que nossa existência é, por natureza, escatológia.
malcolm: atrizes de cinema da década 30 são ansiosas demais pra isso. por essa razão, morriam de overdose vinte anos depois, tristes e solitárias dentro da suíte suja de algum hotel barato. agora, concordo com você, nossa existência é, por natureza, escatológica. quase desisti da postagem e da própria antropologia, depois desse comentário. não foi fácil pra mim, um neófito da empresa, ver o 150 anos de estudos antropológicos resumidos numa única frase. vocês, divas do cinema, são mais junkies do que beatniks, hippies, punks e donas-de-casa de classe média, mas sempre nos tem algo a dizer.