sexta-feira, 31 de agosto de 2007

o batismo

pesquisei no wikipedia mas não encontrei o significado de “felizes para sempre”. pelo menos na página tinha algo sobre a felicidade dos imperialistas espanhóis do século XVI:

“já era noite alta quando francisco pizarro decidiu executar atahualpa. depois de ser conduzido ao lugar da execução, atahualpa implorou pela sua vida. valverde, o padre que havia presidido o processo propôs que, se atahualpa se convertesse ao cristianismo, reduziria a sentença condenatória. atahualpa concordou em ser batizado e, em vez de ser queimado na fogueira, foi morto por estrangulamento no dia 29 de agosto de 1553.”

judeus

malcolm: sim. concordo com você. judeus têm mesmo uma coisa de se ajudarem. no século I, por exemplo, ajudaram jesus a reencontrar o seu pai. se gugu liberato estivesse por lá, cobriria o evento e todo mundo ia ficar emocionando acompanhando tudo pela televisão.

marlene: mas também jesus vacilou. foi ingênuo. como todo filhinho de papai.

longevidade

o dr. albert hofmann fez 101 anos em janeiro último. e ele diz que o segredo de sua longevidade se deve ao hábito de comer um ovo cozido e tomar uma dose de lsd todas as manhãs. acho que a parte do ovo deve ser mentira.

31 de agosto

hoje é o dia internacional do blog. achei isso uma coisa meio difícil de entender. fui pesquisar. o wikipedia diz que 31 de agosto é o dia internacional do weblog por ser a data que mais se parece com a palavra blog. não entendi nada, mas como não poderia deixar de ser, deixo aqui minha singela homenagem ao blogueiros de todo o mundo. a tira foi encontrada no blog de jef cândido, "aja ou compre ações", que por sua vez deve ter sido encontrado em um outro lugar (mas estou com preguiça de encontrar dados sobre a fonte original). segue minha dádiva e que sejam todos felizes para sempre! (ps. depois vou procurar no wikipedia o que significa "felizes para sempre".)

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

noções de etiqueta

marlene: mas medo mesmo sou eu quem provoco. não sei porque. por exemplo, um amigo meu acabou de me dizer que não é mais pra eu deixar mensagens pra ele no orkut. acho que ele pensa que minhas mensagens são amaldiçoadas ou vai ver que acredita que eu não tenho noções de etiqueta ... eu posso?! eu hein!

malcolm: olha, marlene, não é mais pra você deixar mensagens pra mim no orkut. suas mensagens são amaldiçoadas e você não tem noções de etiqueta.

mário quintana

voltando atrás contra o millôr, contra a gangue da pqp e contra mim mesmo: fumar não é um vício idiota coisa nenhuma; fumar é uma forma de arte! talvez a maior delas! mário quintana já dizia sabiamente: "desconfia dos que não fumam: esses não têm vida interior, não tem sentimentos. o cigarro é uma maneira sutil, e disfarçada, de suspirar".

alguém tem um cigarro ai?

CAPÍTULO I: A EXPULSÃO
eu pensei que seria mais divertido, mas acabei de ser expulso da seita orkutiana “vá fumar na pqp”. tudo porque criei um fórum convidando os seus seguidores a dar uma passeio na postagem “será que posso fumar no meu blog em paz?”. eles são realmente alérgicos a discutir suas idéias com estranhos. suas mães devem ser pessoas orgulhosas.

os fóruns “já te queimaram com cigarro?”, “meu tio fuma muito”, “fumante devia comer a bituca!!!”, e similares, continuam lá. firmememente. não é o clube da luluzinha, mas parece.

felizmente, antes da expulsão, ainda deu tempo de eu receber e copiar o comentário de um desses fanáticos para preparar uma resposta. aqui está o comentário de marcelo (provavelmente o autor da denúncia que resultou na minha expulsão):

“Pois é, o próprio sujeito que defende o fumo reconhece que fumar é um vício idiota. E ainda esquece de mencionar que o fumante além de arruinar o próprio corpo, arruina também o dos outros com esse vício idiota. Então já está mais no que na hora de se acabar de uma vez por todas com esse vício nocivo, babaca e idiota. Fumantes, vão fumar na PQP e parem de encher o saco dos outros com essa porra.”

CAPÍTULO II: A RESPOSTA

marcelo pqp faz alusões ao texto de millôr fernandes, citado na postagem já mencionada. li, copiei, escrevi a resposta no word, mandei pro fórum e quando cliquei no botão "enviar", percebi que alguma coisa tinha dado errado. voltei pra página principal da seita, e ai pude constatar o óbvio: eles não gostaram de mim. já tinha sido expulso de salas de aula, de bares, de apartamentos, mas de uma seita foi a primeira vez. confesso que estou até meio emocionado.
segue a resposta:

“caro, marcelo.

nós reconhecemos que o hábito de fumar é um vício idiota. não há dúvidas. mas o texto do millôr é tão dificil de entender assim? ninguém está defendendo o fumo, mas o fumante - e o direito, assegurado por lei, que ele tem de fumar. este país também é meu, e segundo as regras constitucionalmente estabelecidas, eu ainda tenho esse direito.

dou-lhes uma idéia: mudem as leis deste país, como fizeram os americanos na década de 30, em relação ao consumo de álcool. aquele bang-bang foi genial. ou façam como os brasileiros, que com o mesmo tipo de ato, fundaram a maior multinacional do mundo: o narcotráfico (pelo menos, neste ramo da economia, ninguém pode duvidar de nossa competência).

pra terminar, eu não fumo ao lado de não-fumantes; eu não ando com não-fumantes; eu não ando, sequer, com boas companhias. e só não vou fumar na pqp, porque tenho um blog pra fumar em paz. não vou, portanto, de acordo com as tuas próprias palavras, arruinar o seu corpo. se bem que isso seria uma brincadeira divertida.

saudações de um fumante ortodoxo.”

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

o problema

acabei de descer pra comprar cigarros, exatamente no mesmo lugar onde eu compro cigarros há pelo menos um ano e meio. e quando eu cheguei, a moça do caixa já foi me perguntando "é um carlton red, né?". depois eu não conseguia lembrar quanto é que custava uma carteira de carlton. fiquei pensando ... eu tinha dinheiro trocado, mas fiquei em dúvida entre dar dois ou três reais, depois pensei em perguntar quanto custava, mas fiquei constrangido, e no final, dei uma nota de dez pra resolver o problema.

paixões

I

pra começo de conversa, eu não acredito em nada do que a psicologia me diz. me bastam as histororietas do meu psiquiatra. prefiro até as teses da sociobiologia. estas, ao menos, são divertidas.

II

os acréscimos - cor, volume, timbre - não estão na balança. senão, não seria uma paixão platônica.


III

eu não me considero "quase não-patológico", eu me considero "monarquicamente-patológico". então, talvez esteja fora do grupo a qual tu te referes.

IV

ao contrário dos "quase não-patológicos" e dos "patológicos", eu acredito que um relacionamento que durou mais de vinte minutos já deu certo. não entendo quando vocês ficam se perguntando umas as outras, depois de cinco anos de namoro ou casamento, porque o relacionamento "não deu certo".

V

a questão não é realidade ou fantasia, mas as incontroláveis pulsões da alma.
scraps à anne-marie freud.
s/d

reacionários

I

não estou sendo irônico. juro. ele tem direito de acreditar no quiser, não? ele é uma cara legal pra estar contigo numa mesa de bar. não é um asno reacionário. é um gênio reacionário. eu adoraria ter gente como hitler e mussolini na minha mesa.

VII

o problema do freud é que ele ia passar a noite inteira indo e vindo do banheiro, e nas suas voltas, fungando, ia ficar calado aficionado pelo hitler. mas este, tenho certeza, nem ele conseguiria explicar.
scraps à julliet lewis.
s/d

o movimento das peças

outro dia, um dos meus alunos me perguntou por que o cavalo não andava em “C”. eu lhe respondi: "pelo mesmo motivo da torre não se mover em T".

a borboleta

I

a adriane galisteu sabe exatamente de quantos dólares de ambição a gente precisa pra construir um bom casamento. muito embora, ela prefira um defunto famoso do que um bom casamento - por amor a profissão. é uma mulher de sorte.

IX

não acho que só as mulheres participem desse jogo. mas eu estou fora. me deixaria mais animado ter participado do ataque às torres gêmeas. aliás, já me arrisquei bastante nessa vida. minha mãe que o diga. ela sabe, eu também tive sorte. não exatamente o mesmo tipo de sorte da borboleta galisteu. eu não vendo defuntos. eu os coleciono.

briefing

quanto é que tá a grama do cinema? quanto é que tá a resma da escultura? quanto é que tá a dúzia da pintura? e o preço do litro da música? quanto custa uma garrafa de fotografia? e um quilo e meio de literatura?

será que posso fumar no meu blog em paz?


igor luis manriques, fundador da seita orkutiana “vá fumar na pqp”, com mais 216 mil seguidores, me surge na tela do computador com o seguinte discurso:

“É inacreditável! Já estamos no século 21 e ainda tem gente q fuma. Dá pra acreditar? E o pior, fuma do seu lado. Poucas coisas podem ser + estúpidas q acender 1 cigarro e pô-lo na boca. Além do mau cheiro, do amarelamento dos dentes, o cigarro causa câncer, enfizema, prejudica a circulação sangüínea, provoca danos vasculares, derrames cerebrais, entupimento das artérias, crises de alergia, asma, rinite alérgica, mau hálito, mau cheiro, danos ao feto e impotência. Argumentos ñ faltam, até p/ os + materialistas: basta calcular o quanto gasta 1 viciado em nicotina. Agora me digam, por favor: aquele velho argumento d quem fuma de ter o direito de se suicidar aos poucos e de que ñ prejudica ninguém, é válido? Alguém acredita que um fumante pode domar a fumaça de seu cigarro para q ela ñ vá aos pulmões d quem”

o texto termina assim mesmo, e dá pra perceber que o rapaz escreve bem. mas como eu não gosto de chutar defunto, vou deixar que millôr fernandes gentilmente o faça por mim:

"enorme percentual de fumantes dispostos a continuar fumando, apesar de ameaças de câncer, enfizemas e outras quizílias. o fumo é realmente um vício idiota. mas os fumantes que persistem em fumar têm um vício ainda mais idiota - a liberdade. provando que nem só de pão, e de saúde, vive o ser humano. além do fumo ele aspira também gastar a vida como bem entende. arruinando determinadamente seu corpo - um ato de loucura - o fumante ultrapassa a pura e simples animalidade da sobreviência sem graça.”

campari

sábado passado, numa festa chamada “ravemetal”, uma garçonete ameaçou chamar a polícia porque eu reclamei que ela estava me vendendo um copo de gelo no lugar de uma dose de campari. para evitar maiores constrangimentos, falei a ela: “moça, por gentileza, eu quero mudar meu pedido: eu quero ser preso”. mas novamente não fui atendido. lugarzinho complicado. pelo menos o gerente aceitou a devolução do copo de gelo, e eu pude substituí-lo por uma dose de gim. sem gelo.

domingo, 26 de agosto de 2007

só uma ressalva

em “resposta do colonizado”, quarto item, escrevi: “o que os portugueses fizeram no brasil foi pior do que os alemães fizeram com os judeus na década de 40. hitler é um santo, perto dos imperialistas portugueses dos séculos XV e XVI”. na sequência, recebi o seguinte comentário de jeferson cândido hitler dos santos: “só uma ressalva: a comparação com hitler. são séculos distintos, as justificativas para o extermínio de índios e judeus são muito diferentes. veja ‘arquitetura da destruição’, de peter cohen. um documentário lindo sobre algo tenebroso”.

eu pensei que estava claro que eu estava me referindo a década de 40 do século XX e não a dos séculos XV e XVI. no mais, concordo plenamente - e não disse o contrário - que as justificativas para o extermínio de índios e judeus são muito diferentes. não preciso ver filme de ninguém pra entender que seres humanos são facilmente impressionáveis - e que os espanhóis só não filmaram aquela carnificina toda no peru porque francisco pizarro tinha esquecido sua câmera digital em madrid.

conchas

a postagem anterior é, na verdade, um trecho de um diálogo que mantive com lucy in the sky with diamonds. ela falava que gostava muito de conchas quando criança. e eu falei a ela que achava um absurdo a existência daquilo, e ficava me perguntando como é que um oceano podia caber dentro de uma casa tão pequena. e ela me alertou: “conchas são a porta de entrada para o mundo das drogas”.


um pouco mais tarde, lucy in the sky with diamonds me disse:

“mas eu também dava as minhas viajadas quando criança. acho que foi de tanto ouvir conchas que eu pensei em ser astronauta. mas quando me disseram que tinha que saber matemática eu desisti. também quis ser empregada doméstica. eu via a empregada lá de casa cortando a carne e achava aquilo tão macio e tão legal que disse pra mamãe que quando eu crescesse queria ser empregada doméstica. nem preciso dizer que a dona lourdes não gostou nada nada dessa história. aí ela me falou nesse negócio de estudar, de fazer pós e mestrado e que a vida é dura e que sem estudo não se é ninguém nessa vida. cai na dela direitinho!”

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

a experiência

o meu talento culinário se revelou desde muito cedo. eu ficava impressionado vendo a minha mãe cozinhar. ficava louco. e dizia pra ela que queria cozinhar também. um dia, ela cedeu aos meus apelos e me ensinou a fazer ovos fritos. fiquei extasiado com a experiência. o problema é quando ela saia, eu ia fazendo ovos fritos, um atrás do outro, em seqüências intermináveis. depois, é claro, eu jogava tudo fora. em pouco tempo, fui proibido de fritar ovos. foi a primeira vez na vida que alguém me proibiu de fazer alguma coisa que eu realmente gostava. depois descobri o código penal, e que o mundo era bem pior do que eu imaginava.

sil^^encio

no orkut: uma conversa perpendicular:

carmem: Ei ceis dois voc^^es acham que o sil^^encio é a resposta que devemos dar aos loucos? é sério! please! Beijos!

lygia maria: ela tá perguntando pra mim tb? é isso? olha, se for... eu acho que o silêncio é a resposta que se deve dar aos burros. com os loucos é bom trocar umas idéias.

malcolm: faço minhas as palavras da lygia. mais alguma pergunta?

carmem:

malcolm: nenhuma pergunta? então, eu tenho uma: "voc^^es" e "sil^^encio" são formas de neo-miguchês?

carmem:

lygia maria: e agora?! burro ou louco?

carmem:

mulheres

eu não gosto de pensar que mulheres têm fígado, pulmões ou intestinos. isso não me atrai. vacas pastando não estimulam o meu apetite.

pulmão

a máxima de millôr fernandes “o xadrez é um jogo chinês que aumenta a capacidade de jogar xadrez” e tão lógica quanto a frase “quando jogadores de futebol não estão correndo atrás de uma bola, eles têm o preparo físico de um jogador de bilhar”.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

eu era bonito

eu conheci adriano nogueira dos santos numa matéria de jornal intitulada “taxistas vão atrás de viciado em crack”. em uma única semana, adriano assaltou três taxistas, todos de uma mesma ponto. pra ele, a culpa foi da droga. e ele diz: “a sociedade não sabe o que é o crack. eu já fui um cara que tinha trabalho. eu era bonito”. a matéria me interessou porque meu amigo freak kerouac phineas me alertou recentemente sobre a má influência que o meu blog pode exercer sobre os jovens. eu pensava que crianças navegavam na internet pra acessar o orkut, o msn e sites de pornografia. não sabia que elas liam blogs. muito menos que meu blog podia estimular alguém a consumir crack ou a assaltar taxistas. fiquei preocupado.

pra não ficar nenhum mal entendido aqui, vou tentar ser o mais didático possível. queridas crianças, leitoras de blogs: lavem suas mãos antes de comer, respeitem os mais velhos, não falem com estranhos, não tomem refrigerantes, ajudem pobres velhinhas e cegos a atravessarem ruas, não discutam com seus pais, respeitem seus professores, não brinquem com fogo, façam regularmente seus deveres-de-casa, e, principalmente, não roubem taxistas. sobre consumo de drogas eu podia dar uma porção de conselhos, mas deixarei que a ex-mulher do mick jagger fale alguma coisa a respeito: “eu não falo sobre drogas com meus filhos, eu só peço a eles que olhem o keith richards.”

domingo, 19 de agosto de 2007

mãe natureza

a mãe natureza não é sábia coisa nenhuma. ela tem problemas mentais. quando tá aborrecida, destrói tudo o que vê pela frente. quando finalmente o sol nos engolir, vou acreditar que a mãe natureza é sábia.
scrap à ministra marina silva

gorilas de orelha amarela

sim. um animal. um animal cultural. livros de sociobiologia servem para os americanos porque eles são os únicos quadrúpedes da espécie sapiens. na minha opinião, uma tribo de gorilas de orelha amarela nada nos tem a dizer sobre o aumento do número de divórcios nos estados unidos da américa.
scrap à marlene dietrich

biologia

eu desprezo completamente a biologia na questão do amor. em relação a minha gastrite ela tem razão.


scrap à marlene dietrich
s/d

moradores problemáticos

um pouco mais de l. m. bergman:

I

achei o que? minha cara de mulher séria e honesta ou o rivotril? bom, o rivotril não teve jeito, não achei. já minha cara de mulher séria e honesta também não. mas como hoje é sexta-feira, creio que não vou precisar dela até segunda.

II

adiaram aquela minha reunião com o síndico. então, hoje o zelador me perguntou se a reunião poderia ser na quarta-feira e me mostrou um papel pra eu assinar. quando eu vejo tá escrito: "moradores problemáticos" e abaixo uma lista com alguns nomes. ou seja, não vou sozinha. vai a gangue toda. melhor assim, quam sabe no final a gente não faz uma passeata.

III

como forma de minimizar o incômodo, vou sugerir que coloquem a gente nos três últimos andares do prédio. ou então que eles mudem todo mundo logo pro salão de festas.

tratados

esses são textos do meu irmão. frank. o primeiro deles foi escrito há muito anos. ele me trás reminiscências do surgimento e da queda dos paradigmas científicos ao longo da história. tenho certeza, thomas kuhn ia gostar. o segundo foi escrito ontem. ontem. ontem. ontem. amanhã.

O BURCACO DA FECHADURA


“eu no meu quarto. eram duas horas da manhã e eu não conseguia dormir por causa dos carapanãs. eu estava irritado porque eu havia detetizado o quarto um dia antes e eles continuavam ali. então comecei a pensar como seria bom se os carapanãs fossem inteligentes. porque se fossem inteligentes pensariam: “ontem ele dedetizou o quarto e pode detetizar hoje de novo. vamos fugir!”. mas depois pensei que assim estariam sendo burros, porque se fossem espertos de verdade pensariam: “ele de detetizou o quarto e pode querer detetizar hoje de novo, mas caso ele se levante pegar o DDT no armário, nós fugimos!”. mas depois pensei que na verdade estariam sendo burros porque com o quarto fechado não teriam como fugir. mas depois pensei que estariam sendo inteligentes já que saberiam que poderiam fugir pelo buraco da fechadura.”

SE EU SOUBESSE QUE
buñuel: frank?
frank: sim.
buñuel: você não pode estar levando isso a sério.
frank: claro que eu não estou lavando isso a sério.
buñuel: mas você enlouqueceu.
frank: claro que eu enlouqueci.
buñuel: e eu já estive em lugares que você nem imagina.
frank: não consigo mesmo imaginar.
buñuel: imagina.
frank: imaginei.
buñuel: sim.
frank: frank?
buñuel: mas você é o frank!
frank: claro que sou o frank.
buñuel: sim.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

plantadores de tomate

a mulher de césar não deve apenas ser honesta, mas parecer honesta.
provérbio espanhol

eu também acho o veríssimo genial. algumas pessoas da chamada alta literatura acreditam que ele produz uma literatura menor, justamente porque elas usam a arte não tanto pelo exercício de fruição a que ela de fato se destina, mas pelo prazer de usá-la como um instrumento sádico de delimitação de fronteiras culturais. é preciso deixar claro pra todos que eles nasceram em paris e não em teresina. ou, indo direto ao assunto, como é algo que se tornou popular, não pode ser bom.

pierre bourdieu, num texto que se não estou enganado chama-se “o processo de autonomização da obra de arte”, explica isso de uma forma bastante clara. quando a burguesia assumiu o controle das forças produtivas no século XIX, precisava de um conjunto de artefatos que a diferenciasse das classes populares - de onde, inclusive, ela se originou. os burgueses não eram aristocratas, mas gente do povo, pequenos comerciantes que com o tempo se tornaram bem sucedidos economicamente. sob essas circunstâncias criou-se o ambiente adequado para constituição do processo de profissionalização e independência dos artistas, pois estes, tendo que atender a uma demanda absurda de pinturas, esculturas e desenhos, pelos burgueses, passaram a viver exclusivamente da arte que produziam – e não de um emprego no funcionalismo público, por exemplo. aqui se consolida finalmente as condições ideais para a autonomia da arte - e, por extensão, a criação das muralhas culturais que separariam o povo do próprio povo.

se pensarmos bem, até hoje é assim, e, por exemplo, se um arquiteto ou um artista plástico quer ser bem sucedido, ele tem que participar do circuito da “high society” com suas máscaras de sorrisos, exatamente como as balaclavas protegiam os soldados ingleses do frio na guerra da criméia. mas mesmo algumas pessoas da chamada “contracultura” ou da “roda intelectual-artístico-boêmia” (pra usar um palavrão do gilberto velho), fazem a mesma coisa. é incrível como eles têm horror a consumir o mesmo tipo de bem que uma pessoa mais simples (apenas no sentido burguês da palavra) consome. quer dizer, passam o tempo inteiro falando aquela besteirada sobre a burguesia, e no final das contas, fazem a mesma coisa que os burgueses. eles têm horror não a obra em si, mas ao fato dela está sendo consumida pelo povão. com machado de assis: "a onça mata o novilho porque o raciocínio da onça é que ela deve viver, e se o novilho é tenro tanto melhor: eis o estatuto universal".

o contraponto desse estado de coisas é que em nome da virtude e dos bons costumes a gente tem que passar o dia inteiro ouvindo todo tipo de lixo musical, enquanto estamos ocupados na cozinha de um restaurante fino lavando as louças, os talheres e as panelas da democracia. enquanto isso, o preço da cesta básica não para de aumentar porque os plantadores de tomate continuam fugindo pra são paulo com um violão em baixo do braço.

adaptação de e-mail resposta à marlene dietrich.
s/d

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

segunda-feira

eu tentei explicar pro pessoal da chevrolet coporation como eles podiam ganhar dinheiro com o meu blog, mas eles me mandaram voltar na próxima segunda-feira.

os pulsos já estão cortados

eu tenho a página que me indicaste entre os favoritos. aliás, outro dia um amigo meu veio aqui, e me mostrou um site. mas achei muito leve. depois da foto daquela passageira sem cabeça (e elegantemente sentada como se nada tivesse acontecido), nada me deixa tão impressionado.

(...)

é que aquela foto tá bonita. só faltou um cigarro acesso no meio do pescoço (ele não tinha mais boca, né? quer dizer, tinha, mas a cabeça estava em outro lugar).

(...)

boa pergunta. em primeiro lugar, eu não queria morrer ainda. de forma nenhuma. agora se tivesse que escolher, escolheria uma morte rápida e sem dor. como qualquer homem. só isso. vocês mulheres são mais vaidosas, talvez não iam querer estar expostas por ai com o corpo pro lado e a cabeça pro outro. talvez preferissem uma morte lenta e dolorosa a perder a pose. depois de morto, façam o quiserem comigo.

(...)

é ... acho uma boa idéia. pelo menos, pulsos cortados e veias expostas não borram a maquiagem de ninguém.


scraps à björk guðmundsdóttir.
s/d

crianças remelentas

sim, eu sei, mas as crianças remelentas tem que aprender primeiramente o que é um livro. elas não tem a mínima noção do que se trata. e não estou falando da construção de fronteiras culturais, de pose de enciclopedista, ou dos óculos e das longas barbas da arrogância; mas do cantar suave das fotografias. todo mundo gosta de ler, como todo mundo gosta de conversar. isso é muito claro pra mim. o problema é que elas não sabem nem que livros são escritos por pessoas. durante a graduação eu ouvia coisas do tipo "na apostila da professora fátima tem uma parte que diz" ... um curso de sociologia, e "o capital" de karl marx passa a ser a apostila da professora fátima!
scrap a simone de beavoir.
s/d

fernando pessoa

eu tenho um amigo que diz que a antropologia, e tudo que vem do centro de filosofia e humanas da ufsc, não serve pra nada. relendo um fragmento de meu diário de campo, confesso que fiquei inclinado a acreditar nisso. segue o texto:

“Começo da tarde de uma quarta-feira no bairro universitário. Tendo já almoçado no r.u., dirigia-me para casa, quando encontrei um dos sujeitos à caminho de um pasto, com objetivo de colher cogumelos. Fui convidado para ir junto. Aceitei. Então tomamos um ônibus e nos dirgimos a ele. Lá, ainda com alguma dificuldade, conseguimos encontrar uma quantidade que na hora pensarmos não ser suficiente para os dois. Comemos os cogumelos no próprio pasto, e nos dirgimos para um bar. Estava muito quente, e uma cerveja não pareceu uma má idéia. No meio da segunda cerveja, para minha surpresa, as coisas começaram a se modificar. Senti que as batidas do meu coração tornaram-se mais rápidas, o que me deixou meio assustado. Fazia tempo que eu não participava de experiências do tipo. Também fiquei bastante intrigado com as fotografias das capas das revistas da banca que ficava ao lado. Elas pareciam estar respirando. Então, subitamente levantei-me agitado e falei a K que precisava sair dali, pois não estava me sentido bem. K me disse que a pupila dos meus olhos estavam dilatadas. Ele parecia muito tranqüilo. Decidirmos ir a praia. O trajeto durou cerca de trinta minutos. O efeito dos cogumelos pareceu atingir seu ápice durante o percursso. Quase não conversamos durante isso. (...) De frente para o mar, sentado em meio as pedras, senti-me aliviado. Então conversamos sobre música, poesia e sobre a experiência de estar vivo. (...) Após um momento de silêncio, senti-me deprimido, pois tinha planejado escrever naquela tarde e estava ali irresponsavelmente contemplando o mar. Falei isso a K. Disse que era absolutamente frustrante ter que conviver com isso. Se por um lado, estava achando a experiência magnífica, por outro, estava bastante chateado com o fato de não estar fazendo o que havia planejado. A questão era saber como conciliar as dimensões dessa existência dúbia. K, após um momento de silêncio, e algumas poucas palavras, recitou-me um poema de Fernando Pessoa: "Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive”. Adoro Pessoa, e posso dizer que conheço relativamente bem seus poemas, mas a maneira como as palavras iam se apresentando deslocavam a sua audição para um universo onde não haviam poetas, escritores, ou coisas desse tipo. O que havia ali eram poderosas palavras, que talvez se tivessem sido apresentadas em outras circunstâncias não revelariam toda a sua força. Naquele momento, posso dizer que compreendi Fernando Pessoa. E isso mudou a minha vida.”

remistas

não resisti. essa eu tive que publicar. é da sobrinha do ingmar berman. pobre torcedora do paysandu.


"estava eu de ressaca, passando mal, jogada no sofá vendo tv, quando é exibida a entrega da medalha de ouro para a equipe de ginástica rítmica no pan. e o que aparece atrás das meninas, enorme, gigante, pra todo mundo ver? uma puta bandeira com o escudo do remo! caráleo! vcs são muito presepeiros, mesmo, né?!

tive que tomar outro engov pra me recompor!"

comunidade científica

eu estou tentando fazer parte da "comunidade científica" do orkut, mas faz mais de um mês que a minha participação está pendente. será que pra participar dela tenho que enviar uma cópia autênticada de meu comprovante de insanidade mental?

monges

I
desistiu de entender? eu estou o tempo inteiro tentando entender. aliás, meu problema de ansiedade decorre justamente dessa necessidade de tentar entender. quem me dera não pensar em nada. ontem eu tava falando numa cachaçaria que os monges buditas passam dez anos meditando e outros dez calados pra chegarem num ponto de elevação espirtual em que não pensam em nada. eu cheguei a conclusão que uma parede faz isso com muito menos esforço - logo é mais evoluída.

II
eu também queria ficar sem pensar em nada, como os monges e as paredes. queria ficar assim o dia inteiro. é um sonho de infância. mas heroína é muito cara.

terceira consciência

logo depois da final da copa do mundo do ano passado, parreira elaborou uma curiosa teoria sobre o fracasso da seleção brasileira: “é muito difícil montar um time com tantos craques”. segundo esta teoria, a seleção brasileira teria melhores o oportunidades se tivesse sido formada pelos jogadores do paysandu. outros seres vivos da espécie “sapiens” costumam elaborar teorias sobre si mesmo, não menos curiosas. durante a década de 60, como nos mostra marvin harris, “a bruxaria voltou retornou como fonte considerável de excitação”, sob o postulado “a liberdade humana inclui a liberdade de crer!”.

um dos gurus do movimento, cujo nome não me ocorre agora, declarava na época que salvaria o mundo dos mitos da consciência objetiva. charles reich, outro feiticeiro, falava em “terceira consciência” e que para alcançá-la o homem deveria “suspeitar profundamente da lógica, do racionalismo, da análise e dos principios”. o único caminho para colocar “fim ao crime, acabar com a pobreza, embelezar as cidades, eliminar a guerra, viver em paz em harmonia conosco e com a natureza é abrir nossos espíritos à terceira consciência”.

expansão da consciência, unificação dos pensamentos e viagens mentais, misturados a ácido, cogumelos e maconha, nos aproximaria de jesus, buda e mao-tsé-tung. e também poderia nos fazer voar como um abutre pelos desertos mexicanos, como carlos castaneda nos alega ter feito. de acordo com o índio don juan, o chefe de castaneda, “homens de conhecimento” não escrevem teses, mas saem por ai voando, encontrando-se com cachorros transparentes e luminescente ou dialogando com mosquitos de cem patas. para esses feiticeiros, “a razão é uma invenção do complexo militar industrial”.

todos eles exaltavam, jutamente com os hippies, a excelência da vida das sociedades tribais, por isso andavam com rosas na cabeça, pinturas nos corpos e roupas esfarrapadas e coloridas. a pobreza e a mendicância eram o caminho para a salvação. o dinheiro, ao contrário, traria a infelicidade e o sofrimento aos homens. provavelmente, os que sobreviveram a terceira consciência estão hoje sentados confortavelmente em seus gabinetes, escrevendo seus artigos em laptops bem sofisticados. mas há sempre os incorrigíveis. nos corredores de centros de humanas e filosofia de universidades federais, ainda corremos o risco de tropeçar num jovem feiticeiro fanático. haja insenso pra tanta metafísica.

greta garbo

eu ainda estava tentando terminar a celeuma I, e tentando pensar num título melhor para a celeuma II da postagem anterior, quando percebi que greta garbo tinha me enviado um comentário. transformei-o num bate-papo:


greta: estranho ter que recorrer a um antropólogo para constatar que a geração de seres humanos (in utero) é diferente da geração de fezes (pelo estômago).

malcolm: quando estou confuso sempre recorro a alguém da antropologia pra me divertir um pouco. é pra eles que eu faço as minhas orações diárias. em relação às fezes e aos seres humanos, eu admiti, desde o início, que se tratava de uma pequena confusão minha. eu sempre pensei que se tratavam de seres da mesma espécie. e até que eles não têm um futuro muito diferente.

greta: mas o que causa mais questionamentos, é qual seria o equívoco do tal mischa titiev, dado a sua descrição tão seca e óbvia.

malcolm: a descrição de mischa titiev não é nem tão seca, e nem tão óbvia. ele diz, por exemplo, que em relação a vida dos primeiros hominídeos que “pode-se supor que as suas vidas estavam ajustadas para fazer face, em exclusivo, às necessidades do mundo biológico”. aproveitando-me de uma curiosa expressão cunhada pelo próprio titiev, ninguém que esteja vivo pode afirmar que os primeiros homínideos eram seres desprovidos de cultura. como logo veremos, a cultura é anterior ao homem. pergunte isso a um morto.

greta: pelo visto, atrizes de cinema da década de 30 têm algo a mais a dizer sobre a espécie humana, ou vai ver que nossa existência é, por natureza, escatológia.

malcolm: atrizes de cinema da década 30 são ansiosas demais pra isso. por essa razão, morriam de overdose vinte anos depois, tristes e solitárias dentro da suíte suja de algum hotel barato. agora, concordo com você, nossa existência é, por natureza, escatológica. quase desisti da postagem e da própria antropologia, depois desse comentário. não foi fácil pra mim, um neófito da empresa, ver o 150 anos de estudos antropológicos resumidos numa única frase. vocês, divas do cinema, são mais junkies do que beatniks, hippies, punks e donas-de-casa de classe média, mas sempre nos tem algo a dizer.